quinta-feira, 16 de junho de 2011

Professores israelenses desafiam governo e ensinam tragédia palestina

A 'Nakba' (Catástrofe), termo palestino para referir-se à fundação do Estado de Israel, é tabu na sociedade israelense

 

Mais de cem professores secundários de Israel estão desafiando instruções do Ministério da Educação ao ensinar seus alunos sobre as perdas sofridas pelos palestinos em 1948, ano da fundação do Estado de Israel.
Para o professor de História Iddo Felsenthal, os fatos que ocorreram durante a guerra de 1948, na qual cerca de 700 mil palestinos perderam suas casas e tornaram-se refugiados, fazem parte da história do país e devem ser ensinados nas escolas de Israel. "Criou-se um clima geral de demagogia em Israel, no qual qualquer pessoa que mencione a Nakba (tragédia ou catástrofe, em árabe) dos palestinos é vista como se fosse contra o Estado de Israel. Muitos professores têm medo", disse o professor à BBC Brasil.


Foto: Zochrot
 
Cerca de 700 mil palestinos perderam suas casas durante a guerra de 1948
O tema da Nakba é um tabu na sociedade israelense, grande parte do público interpreta a própria menção do termo como uma posição contra a própria existência do Estado de Israel. No entanto, existe um setor significativo da sociedade israelense que aceita iniciativas como o ensino do que ocorreu com os palestinos em 1948. Em geral, os filhos de pessoas com essa posição estudam em escolas seculares e pluralistas.

Anonimato

Vários professores que ensinam a Nakba vêm falando à mídia israelense sobre o assunto em condição de anonimato, pois receiam perder o emprego ou ter sua carreira prejudicada. Para Felsenthal, que leciona em um colégio de Jerusalém, os professores não deveriam se esconder.
"Não estamos fazendo nada de mal, muito pelo contrário. Estamos dando a nossos alunos instrumentos de raciocínio critico, para que possam entender melhor a história do nosso país e do conflito. Assim os alunos poderão analisar, eles mesmos, as diversas narrativas históricas e formar sua opinião de forma independente", afirmou. "A identidade de um povo não pode se basear em esquecer, recalcar ou esconder fatos históricos básicos, como a expulsão dos palestinos", acrescentou.
Kit Nakba

Fonte: Último segundo

 

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