
Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço…A décima terceira (está indo longe!) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil, encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.
         Dizem que Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve   seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo,   principalmente pela banalização do sexo. O BBB 10 é a pura e suprema   banalização do sexo. Impossível assistir, ver este programa ao lado dos   filhos. Gays, lésbicas, heteros… todos na mesma casa, a casa dos   “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays,   acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao  vivo  na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB 10 é a  realidade  em busca do IBOPE..
         Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB 10. Ele   prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido,   mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.
  Se entendi corretamente as apresentações, são 15 os “animais” do   “zoológico”: o judeu tarado, o gay afeminado, a dentista gostosa, o   negro com suingue, a nerd tímida, a gostosa com bundão, a “não sou   piranha mas não sou santa”, o modelo Mr. Maringá, a lésbica convicta, a   DJ intelectual, o carioca marrento, o maquiador drag-queen e a PM que   gosta de apanhar (essa é para acabar!!!).
Pergunto-me,  por exemplo, como um jornalista, documentarista e  escritor como Pedro  Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de  Berlim, se submete  a ser apresentador de um programa desse nível.
         
 Em  um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve  maravilhosamente bem  sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à  pena de se morrer   tão cedo.
Eu   gostaria de perguntar se ele não pensa que esse programa é a morte da   cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.
 Outro  dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro   repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e   meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente,   chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis? São esses nossos exemplos   de heróis?
 Caminho  árduo para mim é aquele percorrido por milhões de  brasileiros,  profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás,  todos os  professores), carteiros, lixeiros e tantos outros  trabalhadores  incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas  funções com  dedicação, competência e amor, quase sempre mal  remunerados..
Heróis,   são milhares de brasileiros que sequer têm um prato de comida por dia e   um colchão decente para dormir e conseguem sobreviver a isso, todo   santo dia.
 Heróis,  são crianças e adultos que lutam contra doenças  complicadíssimas  porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável  e digna.
   Heróis, são inúmeras pessoas, entidades sociais e beneficentes,  ONGs,  voluntários, igrejas e hospitais que se dedicam ao cuidado de  carentes,  doentes e necessitados (vamos lembrar de nossa eterna heroína,  Zilda  Arns).
   Heróis, são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo,  pagam  suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação,  como  mostrado em outra reportagem apresentada meses atrás pela própria  Rede  Globo.
    O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo,  não  acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos   telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo   como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou   ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral.
 E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a “entender o comportamento humano”. Ah, tenha dó!!!
   Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani  da  Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de   pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta   centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e   setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil   reais a cada paredão.
Já   imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada  a  programas de inclusão social, moradia, alimentação, ensino e saúde  de  muitos brasileiros?
(Poderia ser feito mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores!)
Essas   palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação,   por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.
Em  vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de  Mário  Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa…, ir ao cinema…,  estudar…  , ouvir boa música…, cuidar das flores e jardins…, telefonar  para um  amigo.., visitar os avós. ,pescar. , brincar com as crianças… ,   namorar… ou simplesmente dormir.
Assistir  ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e  destruir o que  ainda resta dos valores sobre os quais foi construído  nossa sociedade.
 
 
 
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